quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

História da independência de Juazeiro - Por Daniel Walker


No Brasil, o processo de emancipação política dos povoados e sua transformação em município é basicamente igual. Geralmente é assim: Em dado momento, a comunidade percebe que o povoado cresceu e é chegada a hora de deixar de pagar impostos ao município-sede, pois o retorno social dos recursos remetidos nem sempre corresponde aos anseios da população. Então, alguém, não necessariamente um líder, se sente no direito de representar a coletividade e convoca a população para desencadear o movimento de independência.
Com o povoado de Juazeiro foi desse mesmo jeito. Porém, a forma de desenvolvimento do processo foi diferente, daí porque a história da independência de Juazeiro é singular.
Em 1907 o povoado estava em franco desenvolvimento e pagando pesados impostos ao Crato. Um cidadão filho da terra, rico fazendeiro, divulgou um boletim no qual convocava a população para uma reunião cívica em que a emancipação do povoado era o principal tema da pauta.
A reunião foi um fiasco! Pouca gente compareceu. Alguém aventou a hipótese de que a população, embora desejosa de ver o povoado livre, estava dividida devido a divergências ideológicas e, por isso, vez por outra se desentendia. Na verdade, a população juazeirense, ontem como hoje, é formada por dois tipos de habitantes: os filhos da terra, chamados nativos, e os adventícios, chamados genericamente de romeiros, pois para aqui vieram atraídos pelas pregações de um padre, líder carismático autêntico, e pela crença num fato que todos acreditam como sendo milagre. Este fato, basicamente, consistiu no sangramento da hóstia na boca de uma beata quando a mesma comungava, além de outros fenômenos igualmente estranhos.
O filho da terra e rico fazendeiro referido acima conseguiu a adesão de dois destemidos adventícios para engrossar as fileiras do movimento: um padre cratense fugido de sua cidade por questões políticas com o prefeito e um médico baiano com habilidade em advocacia, embora não fosse advogado formado, que para aqui veio se oferecer para resolver pendências jurídicas referentes a umas minas de cobre do padre que vivia no lugar, mas estava suspenso das ordens eclesiásticas, o líder carismático já citado.  Por coincidência, os dois forasteiros também eram jornalistas.
Assim, melhor preparado, o grupo resolveu fundar um jornal, cujo objetivo seria servir de ponta-de-lança do movimento de independência do povoado.
Mas, apesar de todo o empenho o empreendimento não crescia da forma desejada. Algumas razões impediam-no: o fazendeiro rico não se dava bem com o prefeito do município-sede e os adventícios chamados romeiros se achavam discriminados pela população nativa.
Era preciso, então, o surgimento de um fato novo, porém forte o suficiente para esquentar os ânimos da população e capaz de deixar todos com os nervos à flor da pele, prontos para fazer valer a reivindicação tão justa.
E, por incrível que pareça, em vez de um apenas, surgiram três. Um atentado de morte contra o médico baiano; uma frase insultuosa ao povo juazeirense proferida no Crato durante uma visita pastoral do bispo auxiliar de Fortaleza, por um padre da comitiva e finalmente, a determinação desastrosa do prefeito cratense que ameaçou de forma ostensiva usar a força policial para receber os impostos atrasados, que os contribuintes resolveram não pagar mais.  A ordem do prefeito era severa: em caso de resistência, bala! 
Pronto, estava criado o ambiente propício para o líder carismático do lugar agir. Ele até então se encontrava receoso, pois era adepto da política da boa vizinhança, e também não queria se indispor com o prefeito cratense, seu amigo, cujo pai havia contribuído de forma bastante efetiva para sua ordenação. E como se não bastasse, era ele próprio um cratense da gema.
A situação era dramática e clamava por uma decisão imediata, pois um conflito armado estava prestes a ocorrer.
 O líder carismático, o padre dos romeiros, estava num dilema: honrar sua naturalidade cratense ou defender a terra que adotou, optando, assim, pela cidadania juazeirense.
Com a frase pronunciada em tom enérgico - “Sou filho do Crato, mas Juazeiro é meu filho” -, o líder carismático desfraldou finalmente a bandeira de independência, e o povoado se tornou livre.
Esta história narrada desta forma, em rápidas pinceladas, é importante demais para terminar aqui. Por isso ela é contada com mais detalhes no meu livro que tem o mesmo título desta matéria.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

POR CAUSA DE UM BEIJO A FESTA ACABOU - Por Assunção Gonçalves


Na década de 30 as festas de Juazeiro eram realizadas no Rádio Clube, que funcionou na Rua do Cruzeiro esquina com Padre Cícero (foto ao lado), no local onde hoje funciona um conjunto de butiques. Este clube era muito freqüentado pelas famílias da sociedade juazeirense. E as festas ficavam mais animadas quando chegavam os caixeiros-viajantes, considerados na época como “bons partidos” para casamentos. Lembro-me muito bem de uma festa especial ali realizada na qual aconteceu um fato considerado banal para os dias de hoje, mas que para aquela época foi um verdadeiro escândalo. A festa estava bem animada, quando de repente ouviu-se o grito desesperado da jovem Carmelita Guimarães, bastante aflita por que fora beijada (de leve e sem nenhuma má intenção) por um caixeiro-viajante. A orquestra parou de tocar e todos os olhares se voltaram para Carmelita e o atordoado visitante. A diretoria do clube foi convocada para resolver o impasse e a solução encontrada foi acabar a festa e fazer severa repreensão ao autor do beijo descabido... Esse fato foi bastante comentado na cidade durante muito tempo. Coisas assim hoje não causam nenhum escândalo, mas naquele tempo...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os primeiros programas de auditório da Rádio Iracema

O primeiro programa de auditório da Rádio Iracema teve lugar no andar térreo do Clube dos Doze (no salão onde se realizavam as festas dançantes) em meados da década de 50. Com a denominação de BAZAR, que atraía nas noites de quarta-feira a juventude juazeirense que então só conhecia tal tipo de diversão por informações de similares existentes na capital. No início, o animador era Coelho Alves, ajudado por Robson Xavier de Oliveira, ora revezando com Barbosa da Silva, o nosso inesquecível "Chicão". Depois, veio o DOMINGO ALEGRE  no palco do Cine Capitólio e em seguida no do Cine Eldorado, vindo logo após A CIDADE SE DIVERTE, na sede social do antigo Treze Sport Club, e por fim, no auditório do Cine Plaza. Na sucessão, foram seus principais animadores o autor deste trabalho, Pedro Duarte, Geraldo Alves, Donizete Sobreira e José Brasileiro. Nesses programas foram revelados muitos cantores, (não necessariamente nesta ordem) tais como: Francisco Monteiro, Humberto Alencar, Francisco Alves, Escurinho, Joana D'arc Monteiro, Ivonete Alencar, Francisco Inácio Cavalcante, Louro Miguel, Lourival Silva, Socorro Amorim, Jane Moura, Geraldina Rodrigues, Célia Rodrigues, Estelita Nogueira, José Wellington, Aloísio Alencar, Marcelo Duarte, João José, José Tavares, Fernando Menezes, Irmãs Menezes, Alcimar Monteiro, Sila Brás, Orlando Simões, Emanuel Barreto (Mazinho), Iran Clayton, sem contar dezenas de figuras populares que se quedaram no anonimato, mas que fizeram parte do grande concerto que a nossa Rádio Iracema nos proporcionou no passado. (Texto extraído de Breve história da radiofonia e jornalismo no rádio, de Alceli Sobreira)
Na foto abaixo alguns radialistas e cantores citados na matéria.


































1.Coelho Alves. 2. Francisco Barbosa. 3. Geraldo Alves. 4. Donizete Sobreira. 5. Pedro Duarte. 6. Robson Xavier. 7. Alceli Sobreira. 8. Escurinho. 9. Francisco Monteiro. 10. Fernando Menezes. 11. Humberto Alencar. 12. José Brasileiro.