domingo, 22 de janeiro de 2017

Devotos da Mãe das Dores celebram Centenário da primeira paróquia de Juazeiro do Norte

Programação festiva contou com procissão pelas ruas da cidade e encerramento com Missa de Ação de Graças pelos 100 anos da primeira paróquia da Terra do Padre Cícero. 

Fonte: Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores/ Fotos: Rozélia Costa e Patrícia Silva
O município de Juazeiro do Norte viveu um momento histórico na noite de 6ª feira (dia 20). O Centenário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores reuniu milhares de pessoas de vários estados do Nordeste. Bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas, agentes de pastorais, autoridades, paroquianos e romeiros participaram da programação festiva, a qual contou com procissão pelas ruas da cidade e encerramento com Missa de Ação de Graças pelos 100 anos da primeira paróquia da Terra do Padre Cícero.

O sol se despedia quando os devotos de Nossa Senhora das Dores e do Padre Cícero se reuniram no largo da Capela do Socorro para o início da procissão. No cortejo, o carro-andor com a imagem primitiva de Nossa Senhora das Dores e do Padre Cícero Romão foi conduzido pelos fiéis em clima de oração, alegria e devoção. As demais paróquias da cidade também participaram do momento com as imagens de seus respectivos padroeiros, representando assim a unidade entre a devoção à padroeira de Juazeiro e as demais devoções presentes na história do município.

A procissão foi acolhida, em clima de festa, na Praça dos Romeiros, localizada na Paróquia de Nossa Senhora das Dores – Basílica Santuário, onde o bispo da Diocese de Crato, dom Gilberto Pastana de Oliveira, presidiu a Santa Missa em Ação de Graças pelo Centenário. A celebração foi concelebrada pelo bispo emérito de Crato, Dom Fernando Panico; pelo bispo da Diocese de Sobral, Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos; pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza, dom Rosalvo Cordeiro e pelo bispo emérito de Palmares (PE) e atual Administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba, dom Genival Saraiva de França.

Passeio pela história 



 Dom Gilberto Pastana coroa a imagem primitiva de Nossa Senhora das Dores, adquirida peloi Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e que pontificou na capelinha construída em 1827 até a chegada da nova imagem adquirida pelo Padre Cícero em 1875.

Durante sua homilia, dom Gilberto Pastana de Oliveira fez memória da história da Paróquia de Nossa Senhora das Dores ao longo destes 100 anos, enfatizando a importância da mesma para a cidade de Juazeiro e para a Diocese de Crato. As palavras do bispo diocesano fizeram um verdadeiro passeio na história de Juazeiro. A conferir:


“O trabalho de estudar e reescrever a história da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, de Juazeiro do Norte, nos traz a constatação de que esta criação foi uma conquista difícil para o Povo de Deus residente na Terra do Padre Cícero. Por conta do episódio que se convencionou chamar de “Milagre da Hóstia”, ocorrido em 1889, o qual não foi aprovado pelas autoridades da Igreja, levou a Santa Sé a enviar de Roma, para o Bispo de Fortaleza, uma recomendação, com data de 17 de fevereiro de 1898, onde constava:

“O Bispo de Fortaleza deveria providenciar o quanto antes um vigário para cuidar da cura das almas de Juazeiro. Deveria ser um sacerdote prudente, com residência na sede da freguesia e, portanto, em Juazeiro”.

No entanto, por motivos diversos, essa determinação do Vaticano só foi cumprida em janeiro de 1917, quando já havia sido criada e instalada a Diocese de Crato. Deve-se, portanto, ao primeiro bispo de Crato, Dom Quintino, o atendimento desse pedido, o anseio maior da população de Juazeiro do Norte, que era de possuir a sua sonhada paróquia.

Nunca é demais recordar, o que consta no livro “O Padre Cícero que eu conheci”, da educadora e historiadora Amália Xavier de Oliveira, de saudosa memória: “De 1889 até 1917, a população católica de Juazeiro do Norte ficou sem assistência religiosa. E mesmo assim perseverou na fé! De início, para a confissão, assistência à missa e outras solenidades católicas, grupos de pessoas se dirigiam, a pé, até a vizinha cidade de Crato. Ao assumir a recém-criada Diocese de Crato, em 1º de janeiro de 1916, Dom Quintino determinou ao Vigário de Crato, monsenhor Pedro Esmeraldo, que dedicasse o terceiro domingo de cada mês, vindo até Juazeiro para confessar, celebrar, batizar e administrar outros sacramentos.

Em 22 de dezembro aquele ano, Dom Quintino fez sua primeira visita pastoral ao município de Juazeiro. A cidade em peso foi às ruas aguardar a chegada do novo bispo, que vinha de Missão Velha, a cavalo. Antes de terminar a visita pastoral uma comissão de notáveis juazeirenses visitou Dom Quintino e pediu a criação da Paróquia de Juazeiro do Norte. Dom Quintino prometeu atender ao pedido. E cumpriu a promessa”.

O decreto de criação foi assinado há exatamente cem anos. E de lá para cá, a influência da Igreja Católica foi consolidada como a principal característica desta cidade.

Ao longo deste século, Juazeiro cresceu e ganhou mais 11 paróquias. E a centenária Paróquia de Nossa Senhora das Dores possui um histórico de evangelização, que se espalha hoje por todo o Nordeste brasileiro. Milhares de romeiros do semiárido nordestino – e até de outras regiões brasileiras – para aqui vêm em romarias. A devoção a Nossa Senhora das Dores, por conta disso, cresceu no espaço territorial que se convencionou chamar de “Nação Romeira”.

A comemoração do centenário de existência da Paróquia de Nossa Senhora das Dores possibilita o amadurecimento e fortalecimento dos fiéis, despertando um maior compromisso desse povo cristão no resgate e prática da nossa fé católica.

Hoje, com imensa gratidão ao Deus Uno e Trino, a Nossa Senhora das Dores, aos bispos e padres que prestaram serviços a esta paróquia e à cidade de Juazeiro do Norte, ao Povo de Deus que perseverou na fé apesar de tantas dificuldades, externamos o nosso júbilo pelos cem anos de caminhada e por fazermos parte desta história.

Celebramos, com imensa alegria, este tempo de renovação da nossa fé, de compromisso missionário evangelizador, da realidade de vermos o Padre Cícero reconciliado com a Igreja a quem ele sempre foi fiel.

Por tudo isso, renovamos – neste momento – ao Deus Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor, o louvor, a glória e a honra para sempre. Amém”.


Altar da Missa do Centenário da Paróquia de Nossa Senhora das Dores


domingo, 15 de janeiro de 2017

A Matriz das Dores e seus vigários - Por Renato Casimiro

A história mais remota da vida religiosa de Juazeiro do Norte recorre cronologicamente ao instante marcante da pedra fundamental da primeira capelinha, em honra de Nossa Senhora das Dores, assentada no recuado 15 de setembro de 1827, encravada nas terras desse lado fértil do Cariri. Daí por diante, eclesiasticamente dependente da Freguesia de Nossa Senhora da Penha (Crato), e da Diocese de Olinda, sucederam-se alguns capelães, até que, já constituída uma nova Diocese, o primeiro Bispo do Ceará, D. Luiz, proclamou a provisão com a qual Cícero Romão Baptista, se tornaria em 11.04.1872 o seu sexto capelão. Amália Xavier, em seu relato sincero, registra que aquele foi um “apostolado fecundíssimo, com suas práticas religiosas e, sobretudo, com seu exemplo, conseguiu regenerar os habitantes, descendentes dos escravos do Pe. Pedro (Ribeiro), que após a sua morte se haviam entregues a toda a sorte de degenerescência, esquecidos dos ensinamentos recebidos.” O zelo exemplar de Pe. Cícero estendeu as bases para que aquela pequena capela, expandida em duas ocasiões, reformada em outras tantas, se constituísse no núcleo fundamental sobre o qual cresceria suas atenções sobre o fenômeno religioso e sobre todas as injunções que fizeram daqui o epicentro da religiosidade popular emanada da grande nação romeira e nordestina. Muito depois, 45 anos após, no dia 20 de janeiro de 1917 a Diocese de Crato criou a primeira Freguesia da Vila do Joaseiro, designando o seu primeiro vigário o Pe. Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves. Essa ficou conhecida como Paróquia-Matriz, ou Igreja-Matriz, uma longa primazia por outros longos 51 anos, até que fosse criada a segunda paróquia da cidade. Agora, depois de uma história memorável, através da qual abrigou todos os filhos desta heroica cidade, em congraçamento com a gente romeira dos sertões e elevada às dignidades de Santuário e de Basílica Menor, ela se prepara para celebrar o seu primeiro centenário, plena das graças da Igreja que está em Cristo e em cada um de nós. A celebração deste primeiro século de evangelização e de um intenso pastoreio se fará por uma ampla programação, para a qual estamos todos convidados a rememorar e a festejar tudo aquilo que se emanou da velha capelinha e que invadiu lares e oficinas, entre oração e trabalho, para ser entre nós o privilégio, na proximidade do Reino de Deus. Em toda a sua existência, a Paróquia-Matriz foi regida por dez vigários, na atualidade denominados de Párocos, enquanto vigários paroquiais são os coadjutores ou auxiliares. Revisei recentemente a relação desses vigários/párocos, para indicar abaixo os seus principais dados. Observe que dois deles (Monsenhores Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves e José Alves de Lima) foram vigários em dois períodos. 
PRIMEIRO VIGÁRIO: Pe. Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves; Nascimento: 29.01.1879 (Crato, CE); Ordenação: 30.11.1898 (Fortaleza, CE); Vicariato (I): De 21.01.1917 a 16.09.1921; Falecimento: 01.10.1934 (Juazeiro do Norte, CE); 
SEGUNDO VIGÁRIO: Pe. Dr. Manoel Correia de Macedo; Nascimento: 16.06.1894 (Barbalha, CE); Ordenação: 03.04.1920 (Roma, Itália); Vicariato: De 26.01.1923 a 06.01.1925; Falecimento: 06.07.1959 (Campinas, SP);
TERCEIRO VIGÁRIO: Pe. José Alves de Lima; Nascimento: 05.05.1889 (Crato, CE); Ordenação: 30.11.1912 (Fortaleza, CE); Vicariato (I): De 13.05.1927 a 06.06.1933; Falecimento: 30.08.1969 (Juazeiro do Norte, CE);
QUARTO VIGÁRIO: Mons. Pedro Esmeraldo da Silva Gonçalves; Nascimento: 29.01.1879 (Crato, CE); Ordenação: 30.11.1898 (Fortaleza, CE); Vicariato (II): De 17.04.1933 a 01.10.1934; Falecimento: 01.10.1934 (Juazeiro do Norte, CE);
QUINTO VIGÁRIO: Mons. Joviniano da Costa Barreto; Nascimento: 05.05.1889 (Tauá, CE); Ordenação: 21.12.1911 (Fortaleza, CE); Vicariato: De 26.03.1926 a 06.01.1950; Falecimento: 06.01.1950 (Juazeiro do Norte, CE);
SEXTO VIGÁRIO: Mons. José Alves de Lima; Nascimento: 05.05.1889 (Crato, CE); Ordenação: 30.11.1912 (Fortaleza, CE); Vicariato (II): De 07.01.1950 a 28.02.1967; Falecimento: 30.08.1969 (Juazeiro do Norte, CE);
SÉTIMO VIGÁRIO: Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto; Nascimento: 30.10.1930 (Barbalha, CE); Ordenação: 15.12.1957 (Barbalha, CE); Vigário Cooperador: De 06.02.1958 a 28.02.1967; Vigário: De 28.02.1967 a 04.12.2005; Falecimento: 04.12.2005 (Fortaleza, CE);
OITAVO VIGÁRIO: Pe. Paulo Lemos Pereira; Nascimento: 25.09.1970 (Juazeiro do Norte, CE); Ordenação: 19.10.1999 (Crato, CE); Administrador Paroquial: De 06.02.2006 a 07.01.2011; 
NONO VIGÁRIO: Pe. Joaquim Cláudio de Freitas; Nascimento: 15.07.???? (Santana do Cariri, CE); Ordenação: 08.06.2007 (Crato, CE); Vigário Paroquial: De 01.01.2008 a 01.01.2011; Pároco: De 08.01.2011 a 30.07.2015; 
DÉCIMO VIGÁRIO: Pe. Cícero José da Silva; Nascimento: 15.01.1975 (Brejo Santo, CE); Ordenação: 04.08.2012 (Crato, CE); Vigário Paroquial: De 01.01.2011 a 31.07.2015; Pároco: desde 31.07.2015.