quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O dia em que Dr. Floro proibiu o uso de ceroula nas ruas de Juazeiro

Esse Dr. Floro Bartolomeu da Costa era mesmo um cara durão! Tirano! Mas é bom reconhecer, ele agia assim em alguns casos porque queria ver Juazeiro em parceria com o progresso e a modernidade. Leiam o caso abaixo transcrito do livro Eu e o índio e a floresta, de Manoel Caboclo, e tirem suas conclusões.


“Era o ano de 1923, tenho a recordação dos meus sete anos de idade e também dos costumes do povo de Juazeiro daquela época. Qualquer menino crescia até os 12 ou 15 anos vestindo uma camisola que batia nos joelhos. Não se usavam cuecas, pois era objeto desconhecido. Os homens da agricultura vestiam um "ceroulão" com umas arriatas por trás e na boca da ceroula um cadarço para amarrar no tornozelo. No dia de feira, vinham todos à rua para fazer compras, todos de ceroula, somente ao chegarem às proximidades da cidade é que entravam para o mato, vestindo uma calça frouxa por cima da ceroula e uma camisa de tear, que cobria os joelhos. Recentemente chegado do Rio de Janeiro, o Dr. Floro Bartolomeu tomou a iniciativa de civilizar aquela gente, passando uma ordem para que ninguém entrasse na cidade vestido de ceroula e nem com a camisa por fora da calça. Ah! isto foi uma grande complicação para os juazeirenses que se viam obrigados a obedecer às ordens. Mas nem sempre todos cumpriam o dever. Aqueles que violavam a lei eram pegos pela polícia em plena feira e cortada a ponta da camisa que sobrava. Conheci o Cel. Fernando, um rico e respeitável senhor que gostava de acompanhar a moda, andando muito bem trajado. Eu ficava admirado como um homem trajava tão bem. Vestia ele um terno de casimira, calça estreita com suspensórios, paletó que lhe batia às curvas das pernas, por trás, usando um fraque, colete e camisa de mangas supostas, um chapéu de palhinha na cabeça, um par de botinas, sem meias, um par de botas que vinha até quase os joelhos e uma bengala”. (Texto de Manoel Caboclo, extraído do seu livro Eu, o índio e a floresta).

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